Café Central, Cortiçadas de Lavre
O café Central, o café mais icónico em Cortiçadas de Lavre, mais conhecido pelo café do Zé da farmácia, encerrou a sua atividade em Dezembro de 2024! Este café era certamente o estabelecimento mais antigo, em atividade na minha aldeia, a par da mercearia do Silva que encerrou as suas atividades poucos anos atrás.
Café Central Foto: Dumonte
Ambos os esabelecimentos marcaram a minha infância, etapa inicial da vida compreendida entre o nascimento e os 12 anos de idade. As experiências relacionadas com estes estabelecimentos, sem substituirem a escola, contribuiram também, sem duvida, para o meu desenvolvimento físico, mental, social e emocional. Neste estabelecimento se encontravam todas as classes sociais, desde os mais ricos aos mais pobres. Espaço onde se discutiam ideias, se liam jornais, se jogava as cartas, se procurava trabalho e se assista aos programas do unico canal que existia. Era para mim uma alegria ao domingo á tarde, deslocar-me com o meu pai ao café Central e deliciar-me com uma laranjada e um pacote de amendoins enquanto desfrutava o passatempo infantil, programa que eu adorava...na altura com uma moeda de vinte e cinco tostões no bolso sentia-me extremamente importante.
Café Central Foto: Diogo Ferreira
Este café contribuiu, sem duvida, para a cultura da freguesia. Frequentado por várias geraçôes que aqui socializavam num ambiente de descontração. O café como espaço de encontro, é desde sempre parte integrante de qualquer sociedade. Além de ser um lugar destinado ao consumo, nele se desenvolvem algumas das atividades mais básicas do ser humano: interação social, trocas culturais e atividades de lazer, formas de estar desprendidas de formalidades, que refletem os hábitos e costumes locais. criando os clientes o ambiente próprio de cada café. Infelizmente nem sempre temos consciência da sua importância para a sociedade.
Café Central
Foto: Dumonte
Recordo que nesta aldeia, em meados do século passado, existiam bastantes estabelecimentos deste género, com destaque para as tabernas, muitos deles ainda abertos na minha juventude, o Silva, a prima Florinda, o Jamoi, o Xia, o Borda de Água, o João Gordo. o Filipe Gordo...
O mundo é feito de mudanças, mudam-se os tempos mudam-se as vontades Tudo se transforma e está em constante evolução, mas temos a esperança que no mesmo local, renasça novo espaço, com oferta mais alargada e melhores condições. Os residentes na freguesia e quem nos visita, agradecem!